Cultura é um termo que já teve várias definições. Atualmente aponta para algo que define quem somos, como pensamos e até o que desejamos.
Por Rodrigo Solano
rsolano@thinkglobal.com.br
A cultura tem sido objeto de estudo de várias disciplinas que se debruçam nas relações humanas, dentre as quais pode-se citar a sociologia, a antropologia e a comunicação, que absorve muitos dos desenvolvimentos das duas anteriormente citadas. Também a comunicação, ela mesma, acaba por ter diferentes tratativas a exemplo daquelas empregadas nas ciências humanas de cunho mais teórico e, nas ciências sociais aplicadas, muitas vezes direcionadas às atividades corporativas, a exemplo da administração de empresas e áreas correlatas.
Hoje podemos dizer que a definição de cultura tem suas bases no vocábulo inglês “Culture” utilizado de Edward Tylor (1832 – 1917) e definido como um complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Tal conceito assumiu a vanguarda no século XIX em relação à maneira que definimos cultura levando-se em consideração a conceituação antropológica do termo apresentada na obra de Roque de Barros Laraia (Cultura - um conceito antropológico, 1918 [1986]) que faz um apanhado histórico epistêmico de relevo sobre o tema.
Nessa mesma linha a abordagem contempla o fato de que através da comunicação oral, a criança vai recebendo informações sobre todo o conhecimento acumulado pela cultura em que vive. Ela está inserida num universo de significados definidos por uma determinada sociedade que pré-existe à sua própria existência como indivíduo, o que também é examinado pela Semiótica Psicanalítica – Clínica da Cultura. Nós nascemos e a cultura já está lá para ajudar a configurar como pensamos .
Um importante conceito na semiótica que tem interface com a cultura está o das “experiências colaterais” como o conhecimento prévio necessário para entender a relação denotativa signo/objeto ou seja, aquilo que é aprendido por um determinado indivíduo que lhe dará base para interpretação do mundo, o que tem relação com contexto sociocultural em que está inserido.
Psicanaliticamente falando a língua nos fornece um complexo de hábitos a serem adquiridos em sociedade, ou seja, a cultura tal como aborda Tylor também determina o que consideramos bom ou desejável. A linguagem tem ligação intrínseca com a fundação da psicanálise e pode ser interpretada como um dos principais veículos que dão à cultura a historicidade do saber que passa de geração em geração, algo, em princípio ausente em outras espécies. Aprender uma língua estrangeira é uma das melhores maneiras de se conhecer uma outra cultura.
A linguagem porém evoluiu numa sequência cronológica em que envolve, respectivamente: a fala, a escrita, o papel a imprensa, a comunicação em massa e a era da informação, ou seja da cultura de plataformas. Essas instâncias envolvem novas configurações que determinam como pensamos, agimos e o que nos é desejável.
Assim, acredito que uma abordagem eficaz para comprender a cultura é através da semiótica psicanalítica (clínica da cultura). Ela nos permite examinar os sintomas na sociedade, os aspectos sígbnicos que podem desencadear esses sitomas e vislumbrar interpretações e soluções para comunicação intercultural na contemporaneidade: nações, identidades, classes, redes sociais e universo algorítmico!